Edição Maio-Junho 2023
ATÉ A ÚLTIMA GOTA
A luta global pela água
Textos Christine Wollowksi, Fred Grimm, Thomas Merten. Ilustrações Julia Praschma
Movimentos de água
A água é um direito humano. No entanto, prevalece em muitos lugares do mundo a falta ameaçadora. Apresentamos quatro iniciativas que combatem a corrupção, secas, vedação, racismo ou corporações que lutam por sua água
A primavera jorra sob o pavimento
O coletivo Secura Humana traz cursos de água escondidos e nascentes visíveis sob ruas, casas e praças de São Paulo
Nem uma gota saiu da torneira das pessoas, que acumulavam água em baldes, não tomavam banho por dias - a megacidade São Paulo, no Brasil, experimentou a maior escassez de água de todos os tempos. E professor de geografia Wellington Tibério, como no meio do deserto de asfalto, notava água límpida que jorrava do solo.
As crianças espirravam alegremente antes a água fria no barranco mais próximo desaparecido. Tinha em um canteiro de obras que escavou um recurso de água escondido e se expôs. Desde essa experiência no verão, o geógrafo de 47 anos abre com mais frequência tais cursos de água que simplesmente fluem para bueiros, desviando sua rota, talvez porque eles estão construindo arranha-céus que atrapalham o projeto de cidade. "É um absurdo", diz. "Acima de uma enorme bacia hidrográfica, milhões de pessoas estavam com torneiras vazias, havia muita água na cidade que ninguém usava.”
Assim nasceu o coletivo (se)cura humana, que em ternos amarelos e máscaras de gás
executa ações de arte há sete anos, provocam um repensar. O requisito: quebrar superfícies seladas e deixar a água fluir!
Tibério e seu companheiro, o videoartista Flavio Barollo, vestindo equipamento de proteção no sujo Rio Tietê, entraram no rio onde as pessoas acham surreal andar em um rio morto, sem vida. Eles vêem os cursos d'água e nascentes, dos quais existem centenas sob o cidade montanhosa, direciona essa água com canos para lagos artificiais auto-criados que eles povoam com plantas aquáticas e peixes.
Ou convidam os moradores para festas na praia com piscina infantil. As ações do coletivo são autofinanciadas e chamam a atenção na mídia e entre os moradores.
“Uma vez pegamos um ônibus cheio de plantas aquáticas. E moradores trazem comida pra gente durante as construções”, conta Tibério.
A cidade não usa os recursos hídricos até hoje: a pressão das linhas de alimentação de água são regularmente reduzidas a para evitar novas faltas. É perceptível especialmente nas favelas da periferia, onde a água muitas vezes não chega mais.
Em suas apresentações "semi-legais", o (se)cura humana nunca pede permissão oficial. Construíram uma das lagoas paisagísticas para a cidade, e o poder público gostou. "Talvez tenha evoluído para um diálogo”, diz Tibério. "Eu cresci em uma São Paulo sem cursos d'água. Para o meu filho, agora a presença de lagos pertence à paisagem urbana, onde ele pode ver e alimentar peixes – considero isso um sucesso!”
BRASIL
► Com 12% do mercado global
Ocorrência é Brasil
país mais rico em água doce do
Terra, mas até a Amazônia
sofre com a crise climática
já sob secas.
► Cerca de 35 milhões de pessoas
no Brasil, cerca de 16 por cento
da população não tem nenhum
acesso à água potável.
► Até 40% da água potável
sai das linhas
através de canos obsoletos e
conexões ilegais perdidas.
► 100 milhões de brasileiros estão
não a um sistema de esgoto
conectados, as razões são
incluindo o rápido
crescimento populacional e
aquele que mal acompanha o ritmo
planejamento urbano.
Revista completa em pdf:
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